A relação entre imunidade e produtividade no camarão de pata branca (Litopenaeus vannamei)

Aquicultura

Por ter um organismo muito sensível, a mortalidade precoce no camarão-de-pata-branca é atribuída à baixa imunidade

Segundo um estudo, realizado pela ICC Brazil, a síndrome da mortalidade precoce (EMS), também conhecida como síndrome na necrose hepatopancreática aguda (AHPNS) é uma doença perigosa causada pela bactéria Vibrio parahaemolyticus.

Desde que a EMS foi relatada na China em 2009, ela se disseminou pelo Vietnã, Malásia, Tailândia e México, causando uma perda anual superior a US$ 1 bilhão. Os surtos de EMS normalmente ocorrem dentro dos primeiros 30 dias após a criação de tanques de camarões recém-eclodidos, e a mortalidade pode exceder 70%.

A doença é transmitida oralmente e a bactéria coloniza o trato gastrintestinal dos camarões produzindo uma toxina que causa destruição do tecido e disfunção do órgão digestivo, conhecido como hepatopâncreas.

O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do ImmunoWall® como um aditivo capaz de reduzir o impacto da bactéria Vibrio parahemolyticus, agente do EMS, no camarão-de-pata-branca jovem (Litopenaeus vannamei).

Pesquisa

Foram realizados 3 tratamentos no estudo

  1. Alimento comercial padrão para camarão (Litopenaeus vannamei).
  2. Alimento comercial contendo 5 kg de ImmunoWall® por tonelada métrica de alimento.
  3. Alimento comercial contendo 10 kg de ImmunoWall® por tonelada métrica de alimento.

Os camarões (PL 8) saudáveis foram comprados de uma incubadora comercial na província de Chachengsao. Antes de iniciar o estudo, os camarões passaram por 5 dias de adaptação ao tanque. O camarão PL12 foi colocado em aquário de vidro de 100 L com salinidade de 20 ppt. A densidade populacional inicial foi de 180 camarões PL12 por aquário (360 ind./m2). A frequência de alimentação foi de quatro vezes ao dia às 7:00, 11:00, 15:00 e 19:00 hrs.

A composição é aproximada do alimento do estudo, como: umidade, proteína, lipídeo, fibra e cinzas.

Tolerância ao estresse de temperatura e salinidade

Os camarões foram transferidos ao tanque de estudo para tolerância ao estresse de temperatura a 35 oC.  Cada tratamento apresentou quatro repetições com 10 camarões cada. A temperatura foi aumentada continuamente até 35oC e controlada a este nível. A taxa de mortalidade foi registrada diariamente durante 10 dias.

O estudo de tolerância ao estresse de salinidade foi realizado em 35 ppt. Os camarões foram transferidos para a unidade teste e criados nestas condições. Cada tratamento apresentou três repetições com 15 camarões por repetição. A taxa de mortalidade foi registrada diariamente durante 10 dias.

Desafio com Vibrio parahaemolyticus

Após os 30 dias do período inicial, os camarões de cada tratamento foram transferidos para o aquário de desafio com densidade populacional de 20/aquário. Cada tratamento teve 4 repetições. A bactéria virulenta, Vibrio parahaemolyticus, foi introduzida por tratamento de imersão para determinar a capacidade do camarão em resistir contra o vibrião patogênico.

Cultivo de Vibrio parahaemolyticus

Um dia antes do desafio, a bactéria Vibrio parahaemolyticus foi cultivada em caldo de cultura de nutriente com NaCl a 1,5% (p/v). Trinta horas após o cultivo, o caldo de cultura foi centrifugado para coletar a célula bacteriana. O patógeno foi lavado 2-3 vezes e ajustado para 1012 antes do uso.

Tratamento de imersão

O teste do desafio com Vibrio parahaemolyticus foi estudado por tratamento de imersão em condição normal e na condição de estresse de salinidade durante um dia antes do desafio.

Oito camarões de cada tratamento foram aleatoriamente coletados e transferidos para o criadouro em aquário de 50 L com nível de água de 20 L e água marinha 20 ppt (salinidade) para a condição normal.

O desafio foi repetido 4 vezes por tratamento com vinte camarões por repetição. Os camarões foram desafiados por tratamento de imersão com dose de infecção de 1,0-2,9 x1012 UFC/mL. A aeração forte foi fornecida à água durante o período do desafio.

A taxa de mortalidade foi registrada diariamente durante 10 dias. Após cinco dias de desafio, as bactérias Vibrio spp. foram contabilizadas do hepatopâncreas de cada grupo por ágar TCB para confirmar a contaminação pelo patógeno e a imunidade do camarão em defender-se dessa bactéria.

Para a condição de estresse por salinidade e desafio por imersão, 45 camarões de cada tratamento foram transferidos para aquário de 50 L com nível de água de 20 L e água marinha 5 ppt. O teste do desafio foi repetido 4 vezes por tratamento com 15 camarões por repetição.

Os camarões foram desafiados por tratamento de imersão com dose de infecção de 3,0-3,5 x1012 UFC/mL. A aeração forte foi fornecida à água durante o período do desafio.

Após cinco dias de desafios, as bactérias Vibrio spp. foram contabilizadas do hepatopâncreas de cada grupo com ágar TCB para confirmar a contaminação pelo patógeno e a imunidade do camarão em defender-se dessa bactéria.

Esse estudo foi realizado como um delineamento inteiramente casualizado.  Todos os dados foram analisados por ANOVA (análise de variância) unilateral. O Teste de variação Múltipla de Duncan foi usado para determinar as diferenças entre as médias de tratamento. Toda a pesquisa foi realizada no Nutrition and Aquafeed Laboratory, Department of Aquaculture, Faculty of Fisheries, Kasetsart University, Bangkok, Tailândia.

Resultados

Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas na mortalidade de camarões após condição de estresse na temperatura e salinidade durante 10 dias. A alta temperatura de 35 oC induziu a mortalidade nos quatro dias iniciais. Após isso, o camarão tolerou essa condição de alta temperatura. Para o estresse de salinidade, todos os camarões sobreviveram na condição proposta, o que significa que o camarão consegue adaptar sua fisiologia em ambiente com alta salinidade.

Os efeitos de ImmunoWall® na resistência à doença no camarão-de-pata-branca (Litopenaeus vannamei) por tratamento de imersão são significativos. Além disso, mostraram diferenças após o desafio por Vibrio parahaemolyticus em condição normal e de estresse por salinidade.

Em condições normais, a taxa de mortalidade no grupo controle foi maior do que no grupo de camarão alimentado com ImmunoWall®. A contagem de Vibrio spp. do hepatopâncreas do camarão após o desafio do camarão-de-pata-branca demonstrou que o grupo de camarão alimentado com 1% de ImmunoWall® apresentou capacidade melhorada da hemolinfa em defender-se contra a bactéria virulenta seguido pelo grupo de 0,5% de ImmunoWall® e controle, respectivamente.

Na condição de estresse de 35 ppt, a mortalidade do camarão após o desafio de Vibrio parahaemolyticus mostrou diferença significativa. O camarão alimentado com ImmunoWall® exibiu a menor mortalidade. A contagem de Vibrio spp. do hepatopâncreas do camarão após o desafio demonstrou que o grupo de camarões alimentados com uma dieta de 1% de ImmunoWall® apresentou capacidade melhorada da hemolinfa em defender-se contra a bactéria virulenta contra 0,5% de ImmunoWall® ou controle.

Conclusão

ImmunoWall® demonstrou ser eficaz na redução da mortalidade de Camarão-de-pata-branca (Litopenaeus vannamei) exposto à condição de estresse por temperatura, alta salinidade e/ou imersão com Vibrio parahaemolyticus, que é o agente de EMS.

Os melhores resultados foram obtidos com ImmunoWall® para os níveis de inclusão durante o estresse com alta salinidade (35 ppt). Como o Vibrio parahaemolyticus é uma bactéria halófila, ela se desenvolve e se prolifera melhor em salinidade média a alta. A atividade imunomodulatória do grupo com dieta de ImmunoWall® aumentou a sobrevida do camarão em 50% em comparação com o grupo de dieta controle.

Para mais informações, entre em contato.

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Publicado em 10 outubro de 2019