ImmunoWall®: A solução natural contra a Salmonella
Por Liliana Longo Borges e Melina Bonato (P&D, ICC Brazil)
Nos últimos anos o conceito de Food Safety tem se tornado cada vez mais evidente na produção de alimentos, principalmente quando está relacionado com a exportação de produtos de origem animal, sendo um grande desafio às indústrias para garantir a segurança dos alimentos.
Estabelecer um elo entre a boa qualidade, o valor nutricional e a segurança dos alimentos é uma tarefa que tem exigido muitas pesquisas por parte das indústrias para assegurar a saúde pública. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de carnes, exportando para diversos países e também é um dos seus maiores consumidores, o que demonstra a eficácia das normas sanitárias que agem desde o campo até o produto final.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões, ou quase 1 em cada 10 pessoas no mundo, adoecem depois de consumir alimentos contaminados. Destas, 420 mil pessoas morrem, incluindo 125 mil crianças com idade inferior a 5 anos. No Brasil de 2007 a junho de 2016, 90,5% dos casos de doenças transmitidas por alimentos foram provocados por bactérias, sendo que os sorotipos mais encontrados foram a Salmonella spp (7,5%), seguida por Escherichia coli (7,2%) e Staphylococcus aureus (5,8%). É pertinente ressaltar que o número real de casos pode ser superior, uma vez que os sintomas podem ser mal diagnosticados e a identificação do agente etiológico nem sempre é possível.
A Salmonella é uma das causas primárias de intoxicações alimentares no mundo, sendo considerado um relevante problema de saúde pública e os surtos geralmente estão associados com o consumo de carnes ou ovos contaminados. Assim sendo, oferecer alimentos livres de Salmonella aos consumidores finais é um dos grandes objetivos da indústria de produção de alimentos.
Normas sanitárias do MAPA de controle e monitoria de Salmonella, como a Instrução Nomativa nº 20 revisada e atualizada em outubro de 2016, aumenta a pressão sobre fiscalização pelos órgãos responsáveis nos estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus, onde esta abrange desde a produção no campo aos frigoríficos, com objetivo de reduzir a prevalência desse agente e estabelecer um nível adequado de proteção ao consumidor. A normativa exige os testes laboratoriais que comprovem a presença ou não Salmonella spp., Salmonella Enteritidis; Salmonella Typhimurium; Salmonella Gallinarum; Salmonella Pullorum, dentre outras.
Estas ações são de extrema importância para o mercado de produtos de origem animal, pois envolvem todos os elos da cadeia produtiva assegurando um produto final de qualidade.
Com o uso de dietas antibiotic free e a redução do uso de AGP são imprescindíveis a implementação de um rigoroso plano sanitário, pois a transmissão pode se dar pela ração, ambiente ou ainda vertical (da matriz para o frango/poedeira), por isso o manejo inadequado ajudará nesta transmissão. Existem alternativas para controle de Salmonella, como as vacinas vivas atenuadas (que no geral atuam sobre a Salmonella Gallinuram e Salmonella Typhimurium, tendo atuação também sobre a Salmonella Enteritidis), produtos que atuam sobre a ração como antimicrobianos bactericidas (normalmente compostos de ácidos orgânicos), e produtos que atuem no organismo animal.
Dentre estes, podemos citar uma grande gama de probióticos, ácidos orgânicos, extratos vegetais, prebióticos, etc. que irão atuar diretamente sobre a Salmonella ou, indiretamente, modulando a microbiota e a resposta do sistema imune, melhorando a integridade intestinal, etc.. A parede celular de levedura (Saccharomyces cerevisiae) é uma das soluções que pode ajudar no programa de controle contra Salmonella, uma vez que é uma solução natural que ajuda na redução da contaminação e prevenção do problema.
A ICC, que há anos investe em pesquisas científicas de soluções e desenvolvimento de produtos à base de leveduras, acredita que a segurança dos alimentos se inicia a partir dos produtos utilizados no campo, como os que compõem as dietas animais. Fundamentado neste conceito, o ImmunoWall® se sobressai aos demais produtos por ser composto de densa parede celular de Saccharomyces cerevisiae com altas concentrações de β-Glucanas e MOS, resultando em um aditivo com garantia de resultados e ótimo custo/benefício.
A suplementação com ImmunoWall® assegura que as aves mantenham o equilíbrio da microbiota intestinal e melhorem as respostas do sistema imune, resultando e diminuição da contaminação e da transmissão das bactérias patogênicas à outros órgãos do corpo. No estudo publicado por Hofacre et al. (2017), pela primeira vez em um experimento in vivo, foi comprovado a eficácia de um produto derivado de leveduras em reduzir a colonização e presença da Salmonella Enteritis (SE) no ovário e ceco de poedeiras. Na tabela 1, podemos observar que poedeiras comerciais contaminadas por SE em alta dosagem e suplementadas com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) tiveram uma redução da colonização intestinal e ovariana de SE quando comparadas ao grupo controle (aos 7 e 14 dias após o desafio).
Tabela 1. Resumo dos resultados do estudo de Hofacre et al. (2017) sobre a redução da contaminação de Salmonella Enteritidis1 em aves de postura alimentadas com ImmunoWall®2
Dias após desafio | Órgão | Controle | ImmunoWall® | Reduções |
Ovário | ||||
7 | Presença SE | 41,7% | 33,3% | -20% |
MPN/g3 | 101 | 100 | -90% | |
14 | Presença SE | 4,2% | 2,1% | -50% |
Ceco | ||||
7 | Presença SE | 97,9% | 93,8% | -4,2% |
MPN/g3,4 | 103 b | 102 a | -90% | |
14 | Presença SE | 53,2% | 47,9% | -10% |
1Infeccção por Salmonella Enteritidis às 16 semanas de idade das aves (via oral, 3.0 x 109 UFC/ave de SE resistente ao ácido nalidíxico). 2ImmunoWall® suplementado desde as 10 semanas de idade à 0,5 kg/ton. 3MPN – número mais provável (g do órgão).4Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si pelo teste Mann-Whitney (P<0,05).
O estudo conduzido por Korver et al. (2015, University of Alberta, Canadá – dados não publicados), testou in vitro (com conteúdo do ceco de galos saudáveis) a capacidade do ImmunoWall® (0,5 kg/ton) de inibição da SE após 24 e 48 horas da inoculação. Os resultados mostram o ImmunoWall® foi capaz de inibir 99,99% da SE após 48 horas quando comparado ao grupo controle.
A redução da colonização no ceco é um fator crítico em relação à segurança dos alimentos, pois consequentemente diminuirá a contaminação fecal na superfície dos ovos. Após a postura destes, o arrefecimento é iniciado e as bactérias na superfície do ovo penetram através dos poros da casca, isto é, quanto menor a contaminação da superfície com SE, menor será a contaminação no interior do ovo.
Material ilustrado pautado em dados de experimentos científicos (in vivo), produzido por doutores na área de nutrição animal.
Já em frangos de corte, um estudo publicado por Ferreira et al. (2014) com pintinhos de 3 dias de idade infectados com Salmonella Heidelberg (SH) mostrou a eficácia na redução da presença da SH nos grupos suplementados com ImmunoWall® (0,5 kg/ton até 35 dias e posterior aumento da dose, 2 kg/ton, na dieta de terminação). A SH resultou em alta prevalência na cama durante todo o período avaliado (100%), porém houve uma redução de 50% na contaminação por SH no papo e 12,5% no ceco, quando comparado ao grupo controle contaminado (Tabela 2). Esta redução na contaminação por SH no papo e ceco é importante para evitar contaminação da carcaça nos abatedouros, já que estes órgãos podem se romper durante o processo.
Tabela 2. Resumo dos resultados do estudo de Ferreira et al. (2014) sobre a redução da contaminação de Salmonella Hieldeberg1 em frangos de corte alimentados com ImmunoWall®2
Re-isolamento3 | Controle | ImmunoWall®4 | Redução |
Cama3 | 91,7% | 91,7% | —- |
Ceco3 | 43% | 38% | 12,5% |
Papo3 | 51% | 24% | 52,6% |
1Infeccção por Salmonella Hieldeberg aos 3 dias de idade (via oral, 3×105 UFC/ave de SH). 2ImmunoWall® de 11 a 35 dias de idade à 0,5 kg/ton e de 36 a 42 dias à 2 kg/ton). 3Re-isolamento semanal da SH na cama, papo e caco. 4Médias dos re-isolamentos semanais por presença nas amostras coletas.
Embora a produção intensiva de aves seja um ambiente altamente desafiador, os produtores são o primeiro elo da cadeia produtiva e devem comprometer-se com a saúde pública, tornando a segurança dos alimentos um conceito relacionado com o controle e não com o combate.
Assim, a preocupação com a qualidade dos ingredientes e dos aditivos utilizados na ração animal é uma tendência global e irreversível, considerando que o consumidor final está se tornando mais ciente da relação entre “nutrição e saúde”. ImmunoWall®, além de ser um aditivo natural, comprovou ser uma solução viável para melhorar a saúde intestinal e a segurança alimentar em baixas dosagens, resultando em um excelente custo/benefício.
Referências
Almeida, R. Food Safety Brazil. Surtos por Salmonella: dados estatísticos, sintomas e prevenção. 2015. Disponível em: http://foodsafetybrazil.org/surtos-por-salmonella-dados-estatisticos-sintomas-e-prevencoes/#ixzz4cOfqbQi2
Diário Oficial da União. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária, Instrução Normativa No – 20, De 21 de Outubro de 2016. Seção 1. Pág.13. 2016.
Ferreira, A.J.P, et al. Uso da associação de levedura e fonte de nucleotídeos na redução da colonização entérica por Salmonella Hiedelberg em frangos. Em: Conferência FACTA 2014 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Atibaia. Proceedings…. 2014.
Hofacre, C., et al. Use of a yeast cell wall product in commercial layer feed to reduce S.E. colonization. Proccedings of 66th Western Poultry Disease Conference, March 2017, Sacramento, CA, p. 76-78, 2017.
Korver,D. et al. Effect of dietary prebiotics on intestinal microbial profiles of laying hens, University of Alberta, Canadá, 2015 (dados não publicados).
Lobos, F. Conselho Regional de Medicina Veterinária de Alagoas. Mapa publica novas regras para controle e monitoria da Salmonella. 2016. Disponível em: http://www.crmv-al.org.br/site/mostraconteudo.aspx?c=388
Ministério da Saúde. Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil. 2016. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/junho/08/Apresenta—-o-Surtos-DTA-2016.pdf
World Health Organization – WHO. Media Centre, News release. WHO’s first ever global estimates of foodborne diseases find children under 5 account for almost one third of deaths. 2015. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2015/foodborne-disease-estimates/en/
Publicado em 19 junho de 2019